*João Bosco Leal
Em 08/05/2013 às 17:24
François La Rochefoucauld resumiu em uma única frase: “A ausência apaga as pequenas paixões e fortalece as grandes” o que, como a grande maioria, passei a vida sem enxergar, apesar de já praticamente um sexagenário.
As diversas e pequenas paixões vividas são praticamente esquecidas quando, depois de encerradas, aqueles que as viveram se afastam, deixam de se ver, se comunicar ou o fazem com pouca frequência.
Entretanto, quando se vive uma grande paixão, a distância física e temporária parece que só a faz tornar-se maior. É a falta que sentimos daquela pessoa que nos faz pensar, lembrar e manter acesa sua chama.
Isso pode ser facilmente constatado entre os apaixonados durante o afastamento provocado por uma simples viagem ou após o fim do relacionamento ou em outro tipo de relacionamento onde o que ocorre não é exatamente a paixão, mas uma grande afinidade ou mesmo o amor, como entre amigos e parentes.
Pessoas que passaram por perdas de vidas em qualquer uma dessas áreas sabem perfeitamente como, apesar de transcorrido o tempo, a ausência só provoca o aumento do sentimento que se tinha por alguém.
A ausência das pessoas que já não vivem e jamais retornarão, de um modo ou de outro terão que ser suportadas por quem a sente, mas a ausência de uma paixão ou amor que só está distante fisicamente pode e deve ser resolvida, extinta.
São raras as pessoas que durante a vida têm a oportunidade de viver uma grande paixão e mais raro ainda, um verdadeiro amor, mas apesar disso ainda vemos pessoas que, tendo essa felicidade, a desperdiça, perde momentos valiosíssimos ao lado daquele que ama.
Quando por algum motivo ocorre um afastamento entre um casal que se ama, há os que deixam de reatar o relacionamento por orgulho, opinião de terceiros ou medo de se machucar novamente, mas não há paixões, amores ou mesmo vidas sem riscos, assim como também não haverá produção sem o plantio, sucesso sem trabalho, gravidez sem fecundação ou rosas sem espinhos.
Não podemos deixar de viver por medos, seja de sentirmos dores, acidentes ou perdas de pessoas queridas.
É necessário aceitar, perdoar e esquecer muita coisa, procurar remediar faltas e nos corrigirmos ao invés de só nos desculparmos, mas jamais devemos abandonar uma grande paixão e menos ainda um grande amor, que talvez seja o único de nossa vida.
Ao sentirmos paixão ou amor por alguém, não devemos permitir sua distância física por longos períodos. Se ela não pode se manter próxima, nós é que devemos buscar essa aproximação, mudando de trabalho, cidade ou até de país, rompendo, dessa maneira, qualquer barreira que esteja impedindo viver esse sentimento.
As dores do passado são do passado e nunca cicatrizarão se não dermos os principais passos em direção à sua cura: o perdão e o esquecimento. Precisamos perdoar as faltas, erros e ofensas dos que estão ao nosso lado, vivos, e que conosco podem e querem viver, pois não poderemos fazê-lo após sua partida.
A felicidade só será alcançada por quem vive a vida e não simplesmente passa por ela.
*João Bosco Leal é jornalista e empresário
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