*Rubens Shirassu Júnior
Em 25/08/2015 às 09:14
A volta do sensacionalismo como forma de atrair o público
(Foto: Arquivo)
Quinze adolescentes de ambos os sexos foram chicoteados na bunda por batalhões da TFP que os insultavam enquanto trezentos rapazes e moças da seita imperialista Hare Krishna cortavam rodelas de cebola e colavam em seus olhos.
Este poema é quase uma notícia de jornal: poderia estar nas páginas de uma revista ou rede de televisão popular, do tipo modelo Notícias Populares.
O acontecimento que narra foi comum nos piores dias da repressão quando grupos de direita, como Tradição, Família e Propriedade (TFP), Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e outros fascistas, fundamentalistas e dogmáticos invadiam impunemente universidades, teatros, exemplavam estudantes, etc.
Uma poesia mutante, inquieta, sem filiar a nenhuma estética literária em particular, embora se veja nela traços do modernismo de 22, das experiências de Murilo Mendes, de Jorge de Lima, dos simbolistas como Jean Arthur Rimbaud, Paul Verlaine, Charles Baudelaire, passando pelos transgressores Marquês de Sade e Georges Bataille, os surrealistas Lautréamont e André Breton, os Beatniks anarquistas e místicos Allen Ginsberg, Lawrence Ferlinguetti, Jack Kerouac, William Burroughs, o orfismo de Antônio Boto e Pier Paolo Pasolini e a moderna poesia americana.
Fala-se também da distopia, da alienação pela falta de ideologia e da inércia. De um vazio cultural, a inação, que dá o tom nas áreas de artes e de literatura.
Apesar dos pseudointelectuais na posição de meros espectadores do espetáculo bárbaro das mazelas do povo nos meios de comunicação e, na posição de servilistas, de propagandistas exaltadores de uma elite minoritária e medíocre, que se sustenta através da especulação e ostentação do poder econômico apagando a memória, a identidade cultural e o patrimônio físico das cidades do país.
No entanto, uma poesia que um público restrito de poetas publica em blogs na internet, sem padrinhos e nem panelas literárias, refletindo uma face extremamente marginalizada e, podemos dizer também excluída, atenta às crises político-existenciais da história de seu tempo e redimensionando um conceito démodé de poeta, visto como alguém recolhido, sofrido e abatido.
Nesta linha, de pequena dose idealista, produtores culturais se identificam com a luta pelos direitos das minorias, como negros, índios ou homossexuais.
Outro ramo ainda critica, entre outras coisas, as elucubrações intelectuais e busca uma aproximação através de uma linguagem coloquial com o público informando quanto às terapias alternativas, a exemplo do xamanismo, do zen-budismo, da medicina natural e da busca do equilíbrio com a natureza.
*Rubens Shirassu Júnior é escritor
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