Rubens Shirassu Jr.
Em 19/09/2013 às 16:02
(Foto: Ilustração)
Nietzsche certa vez escreveu em A Cultura dos Gregos: “O Homem acostumou-se durante milênios com a conexão do idioma com o ritmo da música. O poder mágico da dicção rítmica tem sido paulatinamente esquecido.
Distanciamo-nos cada vez mais de nossa origem”. Como já disse, foi o poder econômico, político e religioso do conquistador – e não qualquer “prova científica” – que determinou que a arte poética não servia.
A maioria das pessoas – por medo de serem chamadas de “sonhadoras” – perdeu sua consciência intuitiva. Um estudo habitual e aprofundado, passando por Lao Tsé, Os Upanishades, Zen-budismo, Matsuó Bashô e o simbolismo oriental – grandes escritos e celebridades, religarão os seres humanos às divindades. A união entre o Haicai, que requer uma atitude contemplativa (de disciplina, delicadeza e quietude) e a simbologia oriental é um choque cultural terrível e, ao mesmo tempo, com a Estrela Dançarina de que falava Nietzsche.
Amnésico e anestesiado pela civilização urbano-industrial, robotizado em seus sentimentos, limitado em sua visão pelos edifícios e muros das cidades, o homem moderno não sente mais a alegria cósmica e natural, de participar de um nascer do sol, de um crepúsculo, do silêncio das ilhas perfumadas, do instinto, da imensidão das mares – e das estrelas.
Reprimindo a criança que existe nele, o homem moderno aniquila as entidades circunvizinhas (protetoras ou amigas), do júbilo em seu coração. Deixa de improvisar sua vida, enquadrando-se na marcha uniforme da sociedade organizada e vestida.
Estas atitudes são indícios da necessidade profunda de reencontrar uma aproximação com o mundo, com o homem, com a vida, fundada em valores reais conforme a natureza verdadeira do homem e seu papel na criação. O processo de criação dos Haicais, lado a lado, no caminho Zen, encontrará sua lógica e expansão, religando o ser humano, crítico e consciente, com a natureza.
(*) Rubens Shirassu Jr. é designer gráfico e escritor
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