Guarde sempre na memória: Ecologia não é apenas divulgar campanha de plantar mudas de árvores em canteiros de avenidas ou manter coluna de jornal ou simpósio onde fica apenas no plano das ideias, filosofia e debate sobre sustentabilidade, que tornou-se a palavra e questão do momento.
Ecologia de paisagista, de jardineiro que propaga as matas, a Botânica, no verde ufanista e ingênuo, como uma peça que ornamenta, estimula, sim, o comércio de plantas e o projeto de jardins. Muitas ongs e associações perderam a credibilidade por defenderem interesses de grandes corporações estrangeiras, usando megas campanhas publicitárias, de fachada.
Surgiram porta-vozes, na mídia, que defendiam o equilíbrio do homem com a natureza, porém, descobriu-se que eram financiados por grupos empresariais e partidos, sem uma plataforma política. Típicas “vaquinhas de presépio”, aquele jeito do “faz-de-conta” ou pura armação de desgastada politicagem.
Na fase avançada da produção em massa, uma sociedade produz a sua própria destruição. Nesta guerra, para ver quem destrói o planeta primeiro, desnaturaliza-se a natureza, as pessoas são desenraizadas, castradas na sua criatividade. Os consumistas preferem ver os jogos pela televisão em vez de jogá-los, ouvir música em vez de cantar, olhar a sua vida no vídeo em vez de vivê-la. “Mudar a vida”, dizia Arthur Rimbaud. Mudar a sua vida, dizem os ecologistas verdadeiros.
Um milhão de seres a cada 4 dias tornam-se espectros em razão de secas e colheitas desastrosas. Além do clima mundial piorando, as reservas mundiais de alimentos de 105 dias de consumo assegurados em 1961, caem para 1 mês em 1975, contrastando com 29 milhões de dólares por hora gastos na indústria de guerra. Calculemos estes números nos dias de hoje.
Em seu último relatório, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que, sem controle da natalidade e planejamento familiar, a população mundial deverá quase dobrar até 2050. Serão 12,5 bilhões de pessoas, projeção que foi inúmeras vezes discutida por 170 países em congressos e simpósios.
Acrescenta-se, ainda, a consequência: o respeito em defesa das minorias sexuais e raciais. A defesa da diversidade das espécies animais, de pensamento, da flora e da fauna, modos de vida alternativos, acompanhados de doutrinas filosóficas que valorizam o espírito e o corpo em comunhão com a natureza. Tudo isto faz parte do programa do verdadeiro ecologista. Nunca esquecendo, porém, deste pensamento: "Qualquer que seja a sua causa, sem controle do crescimento da população, será uma causa perdida".
(*) Rubens Shirassu Jr. é designer gráfico e escritor