*João Bosco Leal
Em 05/03/2014 às 11:06
(Foto: Reprodução)
A geração hoje sexagenária foi a que viveu ao mesmo tempo em que, provavelmente, a humanidade passou por suas maiores transformações. Nessa época é que surgiram as maiores mudanças tecnológicas, morais, culturais, musicais e de estilos de vida.
As padarias e os armazéns com os caderninhos de anotações das compras mensais realizados pelos moradores do bairro foram totalmente substituídos pelos supermercados e shopping centers, onde nada é anotado e os pagamentos antes realizados no final do mês, com papel moeda ou cheques, foram substituídos pelos imediatos, com cartões de crédito que os parcelam em várias prestações.
Surgiu o Twist, o Rock roll, Chuck Berry, Little Richard, Elvis Presley, os Beatles, os Rolling Stones, os Bee Gees, os Carpenters e junto deles, as longas cabeleiras masculinas, as calças justas, as bocas de sino, as minissaias femininas e muitas outras diferenças. O festival de Woodstock foi um marco temporal, do início da pratica de sexo sem preconceitos ou compromissos e de cenas públicas de nudismo.
Em todos os setores essa geração sobreviveu a milhares de erros, acertos, tropeços e recomeços, tanto político - ideológicos como emocionais. Foi nela que se iniciou o uso de drogas como maconha, LSD, heroína e cocaína, mas também foi nesse período que se criaram as melhores músicas e os melhores livros.
Além dos já mencionados, os cantores que ouviam eram Elis Regina, Tom Jobim e Vinícius de Morais; Aretha Franklin, Carole King, Creedence Clearwater Revival, Elton John, James Taylor, Janis Joplin, Joan Baez, Joe Cocker, John Lennon, Paul McCartney, Ray Charles, Santana, Simon & Garfunkel, Stevie Wonder, Tina Turner e muitos mais que poderiam ser aqui citados.
Os livros que leram foram de Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Machado de Assis e Mario de Andrade; Antoine de Saint-Exupéry, Ernest Hemingway, Gabriel García Márquez, George Orwell, Harold Robbins, Hermann Hesse, Irving Wallace, Kahlil Gibran, Mario Vargas Llosa, Pablo Neruda, Richard Bach e muitos outros tão importantes e competentes quanto.
Uma safra de músicos e autores dessa qualidade jamais havia sido reunida em uma única geração.
O homem pisou na lua e depois disso muitas viagens interplanetárias exploratórias - tripuladas ou não - foram realizadas e a quantidade de satélites de comunicação que atualmente contornam o planeta terra é tão grande que já preocupa os cientistas.
As separações matrimoniais antes praticamente inexistentes tornaram-se muito comuns. Os livros, filmes e programas de televisão falam e mostram cenas inimagináveis em décadas anteriores, quando as preferências sexuais e o homossexualismo não eram discutidos sequer privadamente.
No início da década de noventa foram vendidos no Brasil os primeiros computadores de mesa, os PCs, e só por volta de 1994 surgiram aqueles com 512 MB de HD - poderosos e raros -, mas atualmente os notebooks mais comuns utilizam HDs com um ou dois Terabytes de capacidade e as crianças praticamente "nascem" brincando com equipamentos - como os DVDs portáteis -, bem mais potentes que os computadores daquela década.
Muitas coisas poderiam ter sido realizadas de outra forma, como a violência que foi utilizada em diversas oportunidades e países ou a - na maioria das vezes - desnecessária destruição do meio ambiente, mas no geral, essa geração foi a que mais gerou progressos científicos, tecnológicos e na produção de alimentos.
A geração hoje sexagenária foi a que mais contribuiu para a evolução da humanidade.
*João Bosco Leal é jornalista e empresário