Nos últimos dias voltaram a ocorrer manifestações contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Anos atrás essas manifestações eram realizadas em favor da Reforma Agrária, por grupos de intelectuais, universitários, artistas, escritores e tantos outros, que nunca se aproximaram da realidade da vida no campo, mas saiam às ruas, bradavam e escreviam a favor da reforma agrária, sem enxergar os crimes cometidos pelos chamados "Sem Terra", liderados por homens inescrupulosos, muitos criminosos já condenados, com um objetivo único: acabar com a propriedade rural privada no Brasil, em busca da mudança do regime político no país.
Foram bilhões de dólares gastos, milhões de hectares de terras desapropriados, milhares de famílias de produtores saqueados e retirados violentamente das terras onde nasceram, cresceram e produziam, para que esses cidadãos que se manifestaram a favor da reforma agrária, percebessem o crime cometido.
Raríssimas pessoas com verdadeira vocação rural foram assentadas. A grande maioria, desempregados urbanos sem qualificação para os empregos oferecidos atualmente, foi assentada sem saber sequer a época de plantio de qualquer hortaliça, grão, ou como tirar leite de uma vaca. O fracasso foi redundante e até hoje somente 5% dos assentados nos projetos de reforma agrária do país foram emancipados, vivem sem a ajuda do governo.
Os outros 95% dependem de ajudas como dos programas de "Vales e Cestas", ou de trabalho braçal em propriedades vizinhas. O agronegócio privado, por outro lado, segundo o próprio governo, representa atualmente 100% do superávit da balança comercial brasileira, deficitária em todas as outras atividades exportadoras.
Os manifestantes contrários à construção da Usina Belo Monte, alegam que ela vai influir no ecossistema da região, desalojar uma tribo indígena que vive no local e algumas onças e outros animais terão de ser realocadas.
Esses manifestantes estão sendo no mínimo cegos, por não verem as necessidades brasileiras e as possibilidades existentes. Meses atrás se discutia a impossibilidade do Brasil crescer a taxas superiores a 5% ao ano por não possuir infraestrutura necessária para tal, como rodovias, ferrovias, portos e principalmente energia.
Existiriam alternativas, mas atualmente inviáveis. As usinas nucleares, que tanta destruição e mortes já provocaram estão, por isso mesmo, e por exigência de suas populações, sendo desativadas em praticamente todos os países desenvolvidos do mundo. A energia eólica ainda é excessivamente cara, tanto para a implantação como em relação à sua produção e a energia solar, possui os mesmos impedimentos atuais da eólica.
Esses manifestantes não sabem sequer que a grande maioria dos residentes no interior dos estados brasileiros, das regiões centro oeste, norte e nordeste, moram em locais sem energia elétrica constante, que só possuem energia à noite, gerada por motores a diesel, muito mais poluentes e dispendiosos, além de milhares de moradores rurais, que sequer à noite possuem energia e ainda vivem com iluminação de lamparina, que os ativistas mais jovens sequer sabem do que se trata, pois tiveram uma vida mais fácil, nasceram, cresceram e vivem em grandes centros, onde nunca faltou energia nem para os aparelhos de ar refrigerado.
Esses brasileiros, universitários, artistas e intelectuais, novamente estão se deixando levar por "ondas", mas o Brasil é talvez o único país do mundo capaz de ainda crescer muito com energia barata e limpa, como a hidrelétrica, motivo pelo qual devemos explorar ao extremo essa nossa capacidade que, futuramente poderá e deverá ser complementada por outras gerações também limpas e renováveis como a eólica, a solar e o etanol para que possamos crescer mais e melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros.
É insensato deixarmos de gerar energia que iluminará casas, hospitais, creches e indústrias, que melhorarão a vida de milhares de brasileiros, simplesmente para não locomover, até em melhores condições de habitação, educação e saúde, algumas centenas de nativos locais, ou transferir o habitat de alguns animais.
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João Bosco Leal é articulista político, produtor rural e palestrante
sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários