Eliseu Visconti*
Em 28/02/2011 às 14:11
A Constituição Federal define, no seu Art. 144: A
segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I -
polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros
militares.
Reflitamos sobre o enunciado constitucional: o dever do Estado diz
respeito à obrigação institucional de prover os meios necessários à manutenção
da ordem pública; o direito e a responsabilidade de todos obriga os
cidadãos, indistintamente, a exercerem a cidadania, incluindo o dever de zelar
por si próprios e pelos seus concidadãos.
Para isto existem as polícias, as Forças Armadas e por isso existem leis, os
tribunais, as casas de correção e todo um arcabouço jurídico, destinado à
defesa dos altos ideais nacionais e à observância da Constituição Federal.
Um cidadão digno desta condição sabe bem, nas palavras de Guerra Junqueiro
(1850-1923): Um justo não perdoa. A justiça é
implacável. Assim, o dever sagrado de
todos os brasileiros é preservar a ordem pública, sem o que viveríamos num
regime anárquico.
O progresso trouxe consigo a semente da
incivilidade urbana: ladrões, assassinos, corruptos e corruptores e traficantes
A população consciente organizou-se em entidades
objetivando o combate à criminalidade. Nasceram, desta forma, as organizações
de direitos humanos e os conselhos comunitários de segurança. (Consegs). Os
CONSEGs são grupos de pessoas do mesmo bairro ou município que se reúnem para
discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas
comunitários de segurança, desenvolver campanhas educativas e estreitar laços
de entendimento e cooperação entre as várias lideranças locais. Criados em 1985
pelo governador Franco Montoro, um dos fundadores do PMDB, existem hoje 784
Consegs no nosso estado, sendo 660 no litoral e interior. Na nossa Prudente somos
seis Consegs, correspondentes aos seis distritos policiais e às duas companhias
da Polícia Militar, comandadas pelo 18º Batalhão.
Reunimo-nos mensalmente para debater assuntos ligados à segurança
pública, e temos recebido todo o apoio das polícias às nossas preocupações e
questionamentos.
Um dos problemas mais aflitivos discutidos no âmbito do Conseg Centro,
cujos membros natos são o comandante da 5ª Companhia do 18º e o delegado do 2º
DP, é o acompanhamento da criminalidade no centro da cidade. Sabe-se que um dos
meios mais modernos, em muitas cidades e muitos países, é a instalação de
câmeras de vídeo, capazes de fotografar e filmar, em tempo real, as ocorrências
suspeitas. O processo é eficaz e não muito dispendioso. Contando com
empresários especializados em segurança e com a colaboração do Sincomercio, um
projeto experimental instalou 14 câmeras no quadrilátero central, no início sem
custo para os usuários, e a coisa vem se comprovando boa e barata. Estudos da
empresa apontam o custo mensal de manutenção de R$ 10,00 por mês, desde que
haja adesão unanima de lojistas, bancários.
A última reunião do Conseg Centro foi palco de uma longa discussão, que
apontou sérios problemas a resolver: como continuar o projeto? Quem arca com os
custos? O Poder Executivo está disposto a apoiar? As respostas apontadas pelos
presentes convergem para um órgão municipal, com quem os presentes desejam
conversar: a SEMAV (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em
Segurança Pública (Semav), cujas atribuições têm sido de certa forma
neglicenciadas, por não dar apoio explícito e substantivo à segurança.
Associa-se a Semav, em geral, ao trânsito e louva-se o seu esforço e
desempenho, neste particular. Pouco ou nada se sabe acerca da sua atuação na
segurança.
Duas alternativas podem-se desenhar à questão: a primeira:Quanto a
Prefeitura destinou à Semav para exercer as sua funções institucionais? Tem a
Semav no seu orçamento alguma verba específica para a segurança? Segunda:
dever-se-ia alvitrar a divisão da Semav em duas outras, uma para cuidar do
trânsito, e outra para cumprir o seu objetivo institucional de cooperar com a
segurança pública?
A população consciente e politizada deseja discutir com o Poder
Executivo e com o Legislativo este tema, que é importante e necessário. Sabemos
que o Legislativo, na sua função de fiscalizar e de legislar, não pode se
omitir de fazer política séria.
Que nós não nos queixemos depois da quantidade de penitenciárias da
região.
(*) Eliseu Visconti é jornalista e escritor