Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Trabalho e castigo pelo ócio

(*) Rubens Shirassu Jr.

Em 25/04/2013 às 12:23

Pelo pensamento de Karl Marx conclui-se que o dever de trabalhar gera uma grande neurose e, automaticamente, ao refletirmos sobre a inversão do conceito tradicional de labor, o ócio é um nobre direito – que o pensador diretamente nega e renega o trabalho humano na sociedade capitalista pregando, indiretamente, a urgente implantação e mudança de uma sociedade socialista, que valoriza o prazer da vida despojada, conforme citamos acima a intitulada sociedade do ócio criativo.

Seria um novo sistema socialista, onde predomine principalmente uma reformulação do conceito e da mecânica do trabalho. Partindo da opinião de que as organizações produtivas fabricam infelizes, porque obrigam os seres humanos a ser eficientes e competitivos, percebe-se que Marx mostra que as empresas e indústrias são máquinas de tortura cerebral, nas quais a minoria faz trabalhos criativos e, a maioria, fica com castigos penosos, nocivos e repetitivos.

Nota-se também nos textos que Karl Marx não propõe uma reflexão sobre a dialética entre o direito ao trabalho e o direito à preguiça – os dois essenciais e inalienáveis. Esta questão vital no comentário acarreta um terremoto contra certas acomodações sociais em que as fissuras entre as camadas da população não são preenchidas ocasionando limites, desânimos, complexos e falta de perspectiva, depressão ou a morte, o mais breve possível.

Hoje, as sociedades economicamente desenvolvidas no continente europeu (Inglaterra, Suécia, Suíça e Holanda), tendem a reduzir, progressivamente, a jornada de trabalho, pelas inovações tecnológicas; a disciplina e a flexibilidade dos novos modelos de administração.

Já o não-trabalho em sociedades menos favorecidas, no caso específico, das Américas Latina e Central, não são sinônimos de ócio socialmente sustentados, mas de sub-emprego, para não dizer miséria. Tanto para o capitalismo como para o socialismo, o trabalho é ainda o pilar da organização social.

Por outro lado, o Homem dos trópicos, por medo de ser excluído da sociedade, parece sofrer de uma impotência crônica junto ao pavor de experimentar uma grande expiação por não trabalhar.

(*) Rubens Shirassu Jr. é designer gráfico e escritor

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