A Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack da Assembleia Legislativa de São Paulo identificou uso do crack por trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar e de indústrias cerâmicas no interior do Estado de São Paulo. Segundo os deputados, a droga vem sendo usada para suportar uma exaustiva carga de trabalho. O estudo que mapeia a presença do crack em cidades paulista foi divulgado nesta terça-feira (20) na Assembleia.
"Na região do Pontal [do Paranapanema], no Vale do Ribeira e na região central apareceu o crack fortemente nas usinas de cana e nas cerâmicas. Hoje, há uma certa liberação para que esse trabalhador possa trabalhar 14, 15 horas, consumindo crack. Ele ganha um grande poder físico de produção e, depois de quatro ou cinco anos, morre ou é afastado. Nós ouvimos muitos depoimentos sobre isso", disse o coordenador da Frente Parlamentar, o deputado Donisete Braga (PT).
Para fazer o estudo, os deputados estaduais mandaram questionários para os 645 municípios paulistas. Os prefeitos de 325 cidades, onde vivem 76% da população do estado, enviaram suas respostas. O estudo revelou que o crack está presente em todos os municípios pesquisados.
De acordo com os pesquisadores, 80% dos dependentes de crack são jovens e adultos em plena atividade, com idade entre 16 e 35 anos. Quase todos os prefeitos dizem que recebem recursos dos governos estadual e federal, mas, segundo os deputados, essa ajuda se concentra nos municípios de maior porte.
No levantamento, os parlamentares apresentaram a cada prefeito dez perguntas. A primeira delas foi: “Qual a droga mais presente em sua cidade?”. As respostas serviram para traçar um quadro que eles consideram “preocupante”. O crack - feito de pasta base de cocaína e bicarbonato de sódio - está mais presente nos municípios paulistas do que a cocaína, a maconha e as drogas sintéticas.
Segundo o levantamento, em cidades médias do interior do Estado - com população entre 50 mil e 100 mil habitantes - o crack é tão citado quanto o álcool como a droga mais usada, com 38% das manifestações dos prefeitos cada um. As citações são baseadas na demanda que determinada droga produz no serviço de saúde local.
De acordo com o deputado Orlando Bolçone (PSB), integrante da frente, o crack está presente em todos os municípios pesquisados. O levantamento mostra que o crack foi citado como a droga mais presente em 31% das cidades paulistas. O álcool ainda está em primeiro lugar: 49%. A cocaína é a mais presente em 10% das cidades. E a maconha lidera a lista de preocupações do prefeito em 9% dos municípios pesquisados.
Das 15 regiões administrativas do Estado, é na região de Marília que o álcool aparece com mais citações (66%). (Com G1)