Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

"As Metáforas Perfeitas", com Rubens Shirassu

*Rubens Shirassu Jr.

Em 28/11/2013 às 14:17

Pintura de Francis Bacon

(Foto: Reprodução)

Acredito na pasteurização do namoro e do prazer sexual transformado em produto de consumo, muito bem manipulado pelo marketing. Isso é sem dúvida um subproduto da revolução sexual dos anos 60.
Ainda que ninguém mais leve a sério as ideias de Wilhelm Reich (ele acreditava, por exemplo, que a liberação sexual traria o socialismo), algo daquele discurso forjado na esteira do feminismo, da pílula anticoncepcional e na crença de que o homem é senhor do próprio destino permaneceu, apesar da Aids e de algumas ofensivas conservadoras.

Ao mesmo tempo, vivemos a fase dos sexólogos respondendo perguntas dos telespectadores em transmissão pela televisão, em revistas e jornais.

Em jogo a orientação sexual do jovem com o respaldo da ciência, assegurando o crédito dos programas e colunas. Revistas femininas e masculinas, tanto em formato papel ou em cdrom, tornaram-se verdadeiras enciclopédias do sexo, abordando da anatomia as parafilias (cada um de um grupo de distúrbios psicossexuais em que o indivíduo sente necessidade imediata, repetida e imperiosa de ter atividades sexuais, em que se incluem, por vezes, fantasias com objeto não humano, autossofrimento ou auto-humilhação, ou sofrimento ou humilhação, consentidos ou não, de parceiro.

Deste grupo fazem parte o exibicionismo, o fetichismo, a frottage, a pedofilia, o masoquismo sexual, o sadismo sexual e o voyeurismo) que a maioria de nós desconhecia. Inexiste portal na Internet que não dedique gigabites ao assunto.

O modelo site de comunidade e amizades, além dos programas de orientação sexual e namoro na TV, obviamente estão longe de propor a anulação dos tabus sexuais. O uso ritual da tecnologia serviria para desrecalcar a experiência da morte individual, pois “a internet seria um terreiro eletrônico”, diz Zé Celso Martinez.

Todos são até bem-comportados demais para o meu gosto, o que o torna um pouco maçante e artificial. Mas eles  colocam-se como um jogo de “livres” escolhas que é a metáfora perfeita - a exemplo do cadastro de informações gerais sobre o usuário - de uma sexualidade alienante e alienada, que é mercadoria mas se pretende como intermediador ou praça virtual.

*Rubens Shirassu Júnior é designer gráfico e escritor

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