Treino reduz complicações respiratórias da cirurgia cardíaca, diz estudo

Estudo desenvolvido na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), mediante revisão sistemática, avalia o efeito de intervenção fisioterápica pré-operatória com treinamento muscular inspiratório para aumentar a força da musculatura envolvida na respiração e, assim, gerar benefícios a pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, ao reduzir complicações pós-operatórias. 

Artigo extraído da pesquisa do médico José Francisco Cursino de Moura é publicada no Journal of Physiotherapy, periódico científico que tem um fator de impacto de 10,7.

Uma  produção extraída da dissertação no Mestrado em Ciências da Saúde, com a orientação da Dra. Francis Lopes Paganelli e envolvimento dos pesquisadores professor PhD Mark Elkins, da Universidade de Sidney na Austrália, da professora Dra. Ana Paula Coelho Figueira Freire, da Central Washington University, nos Estados Unidos; e do professor do mestrado e do curso de Medicina, Dr. Crystian Bitencourt.

Redução de morbidade e morte

O autor do estudo explica que na revisão sistemática foi abordado o efeito de intervenção fisioterápica no pré-operatório de cirurgias cardíacas; conhecida como treinamento muscular inspiratório e que utiliza um equipamento que impõe resistência à respiração do indivíduo, com a finalidade de aumentar a força da musculatura envolvida na respiração. 

“Este tipo de fisioterapia tem sido bastante estudado em diversos tipos de cirurgias de grande porte, tais como cirurgias de obesidade, torácicas e oncológicas”, diz.

Ele explica que em cirurgia cardíaca este tipo de intervenção tem o potencial de diminuir complicações respiratórias, como pneumonia e falência respiratória, reduzindo a morbidade e mortalidade no pós-operatório dos pacientes. 

Comenta que estudos anteriores já indicavam que esta intervenção diminuía complicações, porém problemas metodológicos dificultavam a interpretação desses resultados em pacientes submetidos especificamente a cirurgias cardíacas.

Redução de pneumonias

“Então foi realizada nova revisão sistemática, para incluir todos os estudos mais recentes e utilizar um protocolo com o objetivo de avaliar o treinamento respiratório somente no período pré-operatório de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Foi feito uma busca em várias bases de dados (Medline, Cochrane, Embase e PEDro, entre outras), sem limite de data e nem de idioma, tendo buscar todos os estudos que utilizassem o treinamento respiratório, somente no período pré-operatório e exclusivamente em cirurgia cardíaca”, explica.

O médico José Francisco conta que os principais desfechos estudados foram as complicações respiratórias, pneumonia, tempo de internação e a força muscular inspiratória. “O que observamos foi que realmente o treinamento muscular respiratório realizado no pré-operatório diminui de maneira importante as complicações respiratórias, incluindo o desenvolvimento de pneumonias, ao redor de 50% em média. Também reduz o tempo de internação hospitalar em quase dois dias”, pontua.

Baixo custo e fácil aquisição

Conforme o autor do estudo, o equipamento é relativamente simples, de custo baixo e de fácil utilização, podendo ser adquirido com facilidade, inclusive no sistema público de saúde. Comenta que não foi relatado nenhum evento adverso relacionado ao treinamento respiratório. “Este tipo de intervenção pode ser introduzido sem dificuldade na rotina dos serviços de cirurgia cardíaca e promete otimizar os desfechos destes pacientes, bem como reduzir os custos que são inerentes ao tratamento das complicações pós-operatórias quando ocorrem”, expõe.

Isto posto, anuncia que o próximo passo será introduzir o protocolo do treinamento respiratório na prática clínica. O estudo foi finalizado em 2022 como parte da pesquisa que resultou na dissertação com o título “Efeitos do treinamento muscular respiratório pré-operatório nas complicações pulmonares após cirurgia cardíaca: uma revisão sistemática com meta-análise”. O médico Francisco aplica que o título em inglês foi discretamente modificado em relação à dissertação por exigências editoriais do Journal of Physiotherapy.