Agência Brasil e BBC Brasil
Em 13/02/2019 às 14:35
Ação bloqueou rodovias, fechou aeroportos e envolveu centenas de agentes de segurança
(Foto: Rubens Pinaffi)
Em megaoperação nesta quarta-feira (13), o Governo do Estado de São Paulo transferiu 22 presos para penitenciárias federais. Todos são líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
A operação feita nos presídios de Presidente Venceslau e Presidente Bernardes bloqueou rodovias, fechou aeroportos e envolveu centenas de agentes de segurança. Foram encaminhados para a região policiais da Rota, helicópteros, caminhões da Tropa de Choque e diversos agentes de inteligência da Polícia Civil.
Os trabalhos contaram ainda com soldados da Força Aérea Brasileira (FAB), Exército Brasileiro, Coordenação de Aviação Operacional e Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também participaram agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Entre os transferidos, está Marcos Hebas Camacho, o Marcola, considerado o principal líder da organização criminosa. No pedido formulado à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo (MP), os promotores argumentam que investigações apontam para a existência de planos para tentar libertar Marcola.
“Os alvos da ação já teriam gasto dezenas de milhões de dólares nesse plano, investindo fortemente em logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal”, afirma o documento.
O resgate estaria sendo planejado, de acordo com o MP, por Gilberto Aparecido dos Santos, um aliado de Marcola conhecido como Fuminho. Gilberto fugiu da Casa de Detenção de São Paulo em 1999 e, segundo as investigações, está atualmente estabelecido na Bolívia, de onde envia armas e drogas para o Brasil e outras partes do mundo.
Os promotores argumentam ainda que a transferência dos líderes do PCC vai dificultar a articulação do grupo criminoso. “O afastamento e isolamento inédito da liderança da facção de suas bases criminosas e de seus faccionados comandados, e portanto, de sua “zona de conforto”, dificultando assim que as ordens cheguem a outros faccionados”, diz o pedido.
Em novembro do ano passado, a Justiça havia autorizado, a pedido do Ministério Público, a transferência, de outros cinco líderes do PCC para presídios de segurança máxima federais.
Em nota, o governo paulista diz que "o isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas."
Tensão nos presídios
Diretores de presídios, agentes penitenciários e policiais militares disseram que a operação causou um clima de tensão em todas as unidades com integrantes do PCC. Os agentes temem que a facção emita um "salve geral", como são chamadas as ordens de ataques contra prédios públicos e agentes de segurança, com a intenção de gerar terror e demonstrar insatisfação.
Situação semelhante a essa ocorreu em junho de 2006, quando centenas de presos do PCC foram transferidos para Presidente Venceslau. Naquele ano, houve uma guerra entre membros da facção e agentes de segurança.
Na época, 59 agentes de segurança foram mortos em cinco dias e ao menos 500 pessoas foram mortas nas semanas seguintes. Mais de 300 prédios públicos, como batalhões policiais, foram alvos de ataques a tiros e bombas. Ônibus foram incendiados e toda a mobilidade da maior cidade da Amérixca Latina foi afetada pelo medo que as pessoas tiveram de sair de casa.
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