Da Redação
Em 17/05/2025 às 08:37
Ortopedista destaca que, embora os tratamentos médicos avancem, nenhum deles é capaz de devolver por completo a liberdade que a imprudência ao volante pode tirar
(Foto: Freepik)
Mesmo quando não há lesões físicas, todo acidente de trânsito começa com um descuido que poderia ser evitado. Com convicção, o ortopedista especialista em trauma e cooperado da Unimed Presidente Prudente, Evandro J. C. Ribeiro, reforça: “muitas das lesões que atendemos poderiam ser prevenidas com atitudes simples de cuidado”.
Neste Maio Amarelo, mês de conscientização para um trânsito mais seguro, a mensagem é clara: proteger a si mesmo e aos outros depende de escolhas responsáveis todos os dias.
De modo geral, as lesões ortopédicas mais comuns entre as vítimas sobreviventes de acidentes de trânsito incluem:
Fraturas: especialmente de membros inferiores (fêmur, tíbia, tornozelo), membros superiores (rádio, úmero, clavícula), pelve e costelas
Luxações: deslocamentos articulares, como ombro, quadril e joelho
Lesões na coluna vertebral: que podem variar desde fraturas vertebrais até lesões medulares mais graves
Lesões ligamentares e musculares: como rupturas de ligamentos do joelho, tornozelo ou ombr
Amputações traumáticas: causadas por esmagamentos, lacerações graves ou necessidade médica posterior à lesão
Politrauma: situação em que o paciente apresenta múltiplas lesões simultâneas, com risco potencial à vida
No entanto, o tipo e a gravidade da lesão dependem da dinâmica do acidente (velocidade, uso de cinto, impacto direto, tipo de veículo, uso de capacete, etc.). “Infelizmente, várias dessas lesões podem deixar sequelas permanentes. As sequelas mais comuns incluem limitação de movimentos, dor crônica, redução de força muscular, deformidades ósseas, instabilidade articular, além de alterações sensitivas e comprometimento da marcha”, explica o ortopedista.
Segundo o especialista em trauma, as sequelas mais graves geralmente aparecem em casos como: lesões na medula espinhal, que podem resultar em paraplegia ou tetraplegia, com perda parcial ou total dos movimentos e da sensibilidade abaixo da lesão; fraturas expostas ou muito fragmentadas (cominutivas), que podem causar encurtamentos, deformidades e limitação permanente, mesmo após cirurgias; amputações, que levam à perda definitiva de um membro e exigem o uso de prótese; lesões articulares complexas, como fraturas dentro da articulação ou luxações mal tratadas, que podem evoluir para artrose pós-traumática; e lesões nos nervos periféricos, que provocam fraqueza muscular crônica ou perda de sensibilidade.
As consequências de um trauma grave vão além do osso fraturado. Elas podem afetar profundamente a vida pessoal, familiar, profissional e emocional da vítima. “Um paciente com paraplegia após lesão medular precisa usar cadeira de rodas, adaptando toda sua rotina (moradia, banheiro, transporte), além de depender de terceiros para atividades básicas. Uma amputação de membro inferior, mesmo com uso de prótese, limita atividades como subir escadas, correr, dirigir ou realizar determinados trabalhos. Fraturas múltiplas de membros superiores, com rigidez articular, limitam funções simples como se alimentar, escrever ou vestir-se sozinho. A autonomia pode ser profundamente comprometida, afetando a autoestima, os vínculos sociais e até a reinserção no mercado de trabalho”, exemplifica o Dr. Evandro.
Processo longo e complexo
“Como ortopedista, posso tratar ossos, colocar próteses e alinhar fraturas. Mas nenhum tratamento médico devolve completamente a liberdade que a imprudência retira. A prevenção ainda é — e sempre será — o melhor remédio”, destaca o especialista.
A recuperação de um trauma grave após um acidente de trânsito é um processo longo e complexo, que vai muito além do hospital. Pacientes enfrentam desafios físicos como dor persistente, perda de força e mobilidade, necessidade de múltiplas cirurgias e risco de infecções, principalmente em casos de fraturas expostas ou próteses.
No campo emocional, o impacto é igualmente intenso. Ansiedade, depressão, sensação de inutilidade e até transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) são comuns, principalmente quando há perda de autonomia. “Por isso, a abordagem deve ser integral e multidisciplinar, envolvendo não apenas ortopedistas, mas também psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais”, orienta o ortopedista.
Geralmente individualizada, a reabilitação ortopédica ainda envolve cirurgias para fixação de fraturas ou correções articulares, pacientes passam por fisioterapia intensiva, terapia ocupacional, uso de órteses e próteses, medicamentos para controle da dor e, fundamentalmente, suporte psicológico. De acordo com o especialista, “o tempo de recuperação pode variar de semanas a anos e, em muitos casos, exige revisões cirúrgicas e ajustes nos dispositivos ao longo da vida”.
Durante todo o processo, a família tem papel essencial oferecendo são atitudes que fazem diferença no prognóstico, como acolhimento emocional, apoio nos cuidados diários, adaptação do ambiente doméstico e incentivo à reabilitação.
A prevenção de complicações a longo prazo depende de uma reabilitação precoce e contínua, adesão ao tratamento médico e fisioterapêutico, uso correto de equipamentos de apoio e cuidados especiais para evitar escaras, principalmente em pacientes acamados. Além disso, cuidar da saúde mental e manter o acompanhamento médico periódico é essencial para identificar e corrigir problemas antes que se agravem.
Acidentes de trânsito são eventos evitáveis, geralmente provocados por excesso de velocidade, uso de celular ao volante, condução sob efeito de álcool e falta de equipamentos de segurança, como cinto de segurança e cadeirinha infantil. "Cada escolha no trânsito tem o poder de preservar — ou tirar — vidas. Usar o cinto, respeitar os limites de velocidade, não beber e dirigir: são atitudes que salvam. E que evitam anos de sofrimento físico, emocional e social para quem sobrevive", conclui o médico. (Com Assessoria de Imprensa)
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