Rubens Shirassu Jr.(*)
Em 02/02/2011 às 13:41
José Agrippino de Paula teve sua produção focada nas artes
visuais, cinema, literatura e um pouco de música. Este paulistano eclético
produziu dramaturgia (O Rito do Amor Selvagem), literatura (Lugar Público,
prefaciado por Carlos Heitor Cony, e Madame Estereofônica) e cinema (Hitler
Terceiro Mundo), que tem no elenco Jô Soares, O Coisa, com Manoel Domingos no
papel título, O Céu sobre Água, com sua esposa e bailarina Maria Ester Stockler
e Candomblé no Togo).
É o autor de “PanAmérica”, livro citado por Caetano Veloso na
música “Sampa”, através do verso "Panamérica de Áfricas utópicas", em
“Eu e Ela Encostados na Parede”, no cd Os Doces Bárbaros, além dos livros do
próprio Caetano: “Alegria, Alegria” e “Verdade Tropical”. A obra foi lançada em
1967 e é cultuada até hoje. O texto mostra-se tropicalista, uma mistura de personagens
- de Marilyn Monroe a Che Guevara, de Karl Marx a Harpo Marx - onde vivem uma
aventura bem surrealista que acaba com a destruição do mundo.
Na época, o físico Mario Schenberg classificou Agrippino de
Paula como uma das personalidades mais poderosas e significativas daquela
geração. Em PanAmérica não há parágrafos, nem travessão e nenhuma introdução sobre os personagens.
José Agrippino de Paula faleceu em 4 de julho de 2007, em sua
casa no Embu-SP, aos 69 anos. Em janeiro último, Lucila Meirelles organizou
junto com um grupo de intelectuais franceses, a mostra José Agrippino de Paula
em Paris, na França. Infelizmente, Agrippino de Paula, o guru pop e
tropicalista, caiu no esquecimento da imprensa e do público do Brasil, como
tantos artistas incompreendidos, dos anos 80 em diante.
Apenas uma revista dirigida e com forte influência do pop, e
alguns sites e blogs cults da internet, reviveram toda a trajetória deste
artista multifacetado. O cronista Mário Prata citou na crônica “Onde Andará
José Agrippino?”, em 1998, e comentários esparsos sobre o cinema de Agrippino
do humorista e apresentador Jô Soares, quando entrevista diretores e produtores
nacionais.
Abaixo, o filme “Passeios no Recanto Silvestre”, de
Miriam Chnaiderman com o escritor, dividido em duas partes.
*Rubens Shirassu Jr. é designer gráfico e escritor
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