Eliseu Visconti*
Em 24/02/2011 às 16:39
Você
já parou para observar a postura e o desempenho de um “popular,” esta figura
indispensável a cronistas, fotógrafos e repórteres do dia-a-dia, esta moldura
mais do que necessária a qualquer acontecimento público?
Pegue
qualquer jornal diário e examine as fotos dos casos diários: você verá, em meio
às aglomerações, como personagem anônima, mas perfeitamente identificável, o
que se pode definir como “popular.”
Ele
está sempre lá, olhando sobre os ombros de alguém, vestido da forma a mais
corriqueira, com uma expressão a um só tempo vaga, mas profundamente atenta.
O
popular é aquele que serve de fundo a uma foto; não é belo e nem vistoso, mas
sem ele não existe o acontecimento.
Que
tal um carro destroçado, num mortal abraço a um poste, o sangue escorrendo pela
porta arrebentada, sem um popular à espreita?
Que
tal um cadáver, coberto com um saco preto, a ponta dos pés à mostra, sem a
formidável presença do popular?
Tudo
isso pareceria uma simples montagem fotográfica, sem maiores atrativos, não
fora a presença do popular, que legitima a ocorrência.
Muitos
repórteres colhem dos populares preciosos depoimentos: “eu vinha atravessando a
rua, quando aquele carro escorneou o poste. Foi um barulhão. Sangue prá todo o
lado. O cachorro conseguiu escapar.”
“Mas
que cachorro, amigo?”
“Ora,
aquele vira-latas que o carro quase atropelou!”
No
dia da Imprensa, ou do Repórter, dever-se-ia conceder um troféu a um popular.
Ou
quem sabe, a ABI poderia erigir uma estátua ao popular, este herói, testemunha
e
personagem da vida do cotidiano?
(*)Eliseu Visconti é jornalista e escritor
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