Rubens Shirassu Jr.(*)
Em 09/03/2011 às 16:34
Tudo
começou com Noé, que inventou o vinho, tomou um porre bíblico e apareceu pelado
em público, assustando todos os personagens do Velho Testamento. Depois,
abalado por uma colossal ressaca, inventou a história do dilúvio e encheu a
arca com todos os animais que apareciam em seu delirium tremens.
Dado
o pontapé, digo, o gole inicial, daqueles tempos místicos até nossos dias, a
humanidade não parou de se divertir com grandes pileques, tomados por
personalidades famosas e boêmios anônimos, subvertendo a ordem natural das
coisas e colocando na árida rotina do cotidiano um pouco de lirismo, humor e
poesia, e matéria-prima da vida simples, divertida, lírica, calma, bonita de
uma turma solidária, que sabia escrever muito bem.
Sempre
digo para o pessoal que, de 94 para cá, após a reserva de mercado do Governo,
de repente, começam a lançar um modelo de computador atrás do outro, daí a
gente viver hoje estressado neste corre-corre, por causa da paranoia da rapidez
que incutiram na cabeça de uns “e-diotas”, como diz o Dimenstein.
Para
Wilson Morgado, arquiteto e boêmio paulista, “entre as várias propriedades do
álcool, uma muito conhecida dos eméritos bebedores é a de aguçar a
inteligência”. Usava esse argumento, quando acusado de porrista. Estufava o
peito e esnobava: Olha aí, malandro, fique sabendo que escritores famosos como
Lima Barreto, Emílio de Meneses, Fagundes Varela, Coelho Neto e Alberto de
Oliveira eram todos uns paus d´água de marca. Reafirmava a tese de que a bebida
torna os homens mais talentosos.
Lembro-me
ainda de uma matéria do Time que
dizia que, dos seus americanos que obtiveram o Prêmio Nobel, quatro (Eugene
O´Neill, Sinclair Lewis, William Faulkner e Ernest Hemingway) eram biriteiros
homéricos e eméritos, e um quinto (John Steinbeck) bebia profissionalmente.
(*) Rubens Shirassu Jr. é designer gráfico e escritor
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