ROGÉRIO MATIVE
Em 01/06/2015 às 11:17
Nos últimos dias, a tão aguardada reforma política foi tema central de debates nos bastidores da política. Em Presidente Prudente, a manutenção de coligações para cargos no Legislativo divide opiniões de políticos entrevistados pelo Portal.
Ponto rejeitado pela Câmara dos Deputados, o destaque protocolado pelo PSDB pretendia acabar com a coligação eleitoral nos cargos para o Legislativo, atingindo deputados federais, estaduais e vereadores. A mudança já entraria em vigor nas eleições municipais de 2016 e afetaria partidos de médio e pequeno porte.
Para o tucano Wilson Portella, presidente do diretório municipal prudentino, a manutenção das coligações proporcionais assegura a existência do processo democrático. "Sou favorável desde que os pequenos não virem partidos de cartório ou de negociações pessoais. O livre direito de expressão política partidária é a essência do processo", opina.
"Assegura a existência de pequenos partidos e a necessidade de negociações para as eleições proporcionais e majoritárias. O processo democrático abre espaços para a reunião e organização de forças políticas diversas" acredita.
Porém, para um dos fundadores do PT em Prudente, o ex-vereador José Caetano da Silva, o atual sistema é injusto. "Pois um partido pode ter quatro candidatos na faixa de 2.400 votos e não eleger ninguém, enquanto o outro coligado pode ter 10 candidatos na faixa de 1.100 votos e eleger dois, sendo um de seu partido e outro com os votos do coligado que não atingiu o quorum de 10 mil votos. Nesse sentido, o justo seria eliminar as coligações, junto com outras alterações entre as quais o fim do financiamento empresarial de campanha", exemplifica.
"Acredito que a manutenção da coligação proporcional nesse momento ainda deve ser mantida, principalmente considerando que em outros pontos fundamentais não ocorreram alterações", pontua o petista.
Na mesma linha, o vereador Valmir da Silva Pinto (PTB) diz que a coligação não é "representativa". "Primeiro lugar parto de um fato incontestável; no Brasil não a regra é do cidadão escolher um nome para votar, principalmente no caso de eleição para vereador", fala.
"Não se vota em X ou Y por ser do partido A ou B. Vota-se naquele com o qual o cidadão teve uma simpatia, ou lhe fez uma promessa ou até mesmo por compartilhar com as mesmas ideias. Em assim sendo, o eleitor se vê frustrado quando certo candidato obteve a aprovação popular com uma quantidade razoável de votos e, derrepente, outro que não teve uma aceitação tão boa assim, se torna eleito em função de uma coligação", diz.
Segundo ele, é inaceitável que um candidato obtenha mais de 3 mil votos e não seja eleito. "E outro com 1,2 mil votos, sim. Essa forma não é uma representação correta da democracia representativa. Sabemos da existência de partidos pequenos, sem representativa na sociedade, que por força de uma coligação consegue eleger vereadores", observa.
"A vontade popular deve ser respeitada e esse respeito somente existirá com o fim da coligação para eleição proporcional. Ou seja, devem ser eleitos aqueles que realmente obtiveram a representação popular através do voto. Os mais votados", finaliza.
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