Da Redação
Em 26/11/2022 às 10:11
Trupe circense utiliza elementos da palhaçaria feminina para fomentar a conscientização das crianças em relação à equidade de gênero
(Foto: Milena Aurea)
Com a proposta de mostrar para as crianças, por meio do riso e da brincadeira, que meninas também podem fazer, conhecer e ser o que elas quiserem, a Companhia 'O que Será de Nós?!', de São José do Rio Preto, estreia em Presidente Prudente o espetáculo circense de rua “Dona Miúda para Menores”, interpretado pela atriz e palhaça Fernanda Missiaggia.
A apresentação única e gratuita acontece neste domingo (27), na praça da Vila Operária, às 19h, com tradução em Libras. O evento tem apoio do Coletivo Cultural Galpão da Lua.
Sob direção de Adriane Gomes, professora e pesquisadora na Universidade Estadual de Londrina (UEL), a montagem conta com orientação artística da atriz, palhaça, pesquisadora e diretora Naomi Silman, do Lume Teatro, e da artista, pesquisadora e educadora Marilia Ennes, cofundadora da Cia ParaladosanjoS, ambas de Campinas.
Na peça, a palhaça surge em sua bicicleta carregada de surpresas para contar, entre pedaladas e brincadeiras, histórias de mulheres que mudaram e mudam o mundo com suas descobertas, ousadias e experimentos, a exemplo da cientista polonesa Marie Curie (1867-1934), da jogadora de futebol brasileira Marta, da tenista estadunidense Serena Williams e de muitas outras.
“Queremos informar as crianças a potência e as possibilidades que elas possuem para crescerem sem limites e subverterem o sistema patriarcal, que limita a vivência da mulher a pressupostos de ser ‘bela, recatada e do lar’”, expõe a atriz.
Lançando mão do jogo e das ações físicas como elementos norteadores da narrativa, o trabalho se utiliza da palhaçaria feminina para fomentar a conscientização das crianças em relação à equidade de gênero e é um desdobramento da peça “Dona Miúda para Maiores”, estreada pela companhia em 2019, também com direção de Gomes, espetáculo para o público adulto.
Agora, com “Dona Miúda para Menores”, a proposta é questionar, apresentar e subverter pressupostos que as crianças ainda se deparam acerca do feminino.
Diante dessa realidade, Missiaggia assinala que o próprio universo circense ainda é muito machista.
“A palhaçaria feminina é um movimento que está em um crescente, mas que ainda é muito recente em comparado com os primórdios do circo. Um espetáculo de uma mulher/palhaça, que traz na sua encenação e dramaturgia características e referências de outras mulheres, potencializa este movimento tão importante na história do circo”, reflete.
A dramaturgia foi construída de forma simultânea à encenação e sua preparação para os números de palhaçaria contou com uma imersão em Campinas junto às orientadoras. Já a interação com a diretora se deu por meio de encontros presenciais e online.
Sobre a criação do espetáculo, Adriane Gomes observa ser necessário que o fazer artístico dialogue com o que nos inquieta, com as coisas que precisam ser mudadas na sociedade e em nós mesmas.
“Difundir as conquistas de tantas mulheres que foram e são importantes para nossa humanidade é mais do que urgente, pois são muitas décadas de apagamento e até mesmo apropriações destes feitos. Isso nos ajuda a ampliar a potência do nosso fazer artístico e da nossa percepção de como devemos nos posicionar no mundo. É a partir dessa ideia que pretendemos abordar no espetáculo.”
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