Com serviço precário, Prudente Urbano pede tarifa surreal de R$ 7,59

Tarifa de R$ 7,59. Pode parecer pegadinha de 1º de abril, mas a proposta é real e foi apresentada pela concessionária Prudente Urbano à Prefeitura de Presidente Prudente. O reajuste de quase 80% é pleiteado em meio a reclamações constantes de usuários, lotações diárias e de uma frota que ainda segue longe de operar em sua capacidade plena na cidade.

Apesar de ser alvo de investigações na Câmara Municipal, que culminaram com pedido de quebra de contrato por 13 irregularidades na prestação do transporte coletivo, a empresa alega que a concessão prevê o reajuste anual da tarifa, no mês de dezembro, "com o objetivo de garantir a continuidade dos serviços". 

Para chegar ao valor, a empresa realiza o preenchimento de planilha Geipot com custos de insumos, como pneus, combustível, entre outros.

O reajuste solicitado é 21 vezes maior do que foi concedido pelo prefeito Nelson Bugalho (PSDB) no fim do ano passado: 3,65%.

Atualmente, a tarifa é de R$ 4,25; valor que já é considerado alto pelos usuários e foi explorado exaustivamente por candidatos à Prefeitura durante a eleição deste ano.

O que sobra de um salário mínimo?

Caso seja aceito pela Prefeitura, o reajuste representará R$ 364,32 de gasto mensal caso o trabalhador utilize o transporte público duas vezes por dia, de segunda-feira a sábado.

De um salário mínimo, sobrará R$ 680,68 no bolso do usuário.

Vai estudar

De acordo com a Prefeitura de Prudente, os documentos enviados pela empresa são analisados pela Secretaria de Assuntos Jurídicos. Em seguida, serão encaminhados para a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), que será responsável por parecer técnico e contraproposta municipal.

“Ainda não há previsão de quando um eventual decreto de reajuste da tarifa será publicado”, revela, em nota. 

Problemas, greves e batalha judicial

Neste ano, a Prudente Urbano sofreu duas greves de trabalhadores devido a atrasos de salários e do vale-alimentação. Na Justiça, tentou frear processo administrativo aberto pela Prefeitura, anular multa imposta pela Semob, além de pleitear a revisão contratual e aumento de tarifa.

No mês passado, assistiu os vereadores aprovarem, por unanimidade, a quebra de contrato diante de diversas irregularidades. Entre os problemas constatados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), estão atrasos e quebras de ônibus; limpeza inadequada; funilaria avariada; catracas danificadas; má conservação dos pontos de embarque; falta de educação de motorista com passageiros; assentos dos veículos rasgados; pneus carecas. 

Também foram elencados extintores de incêndio vencidos ou avariados; comunicação deficitária aos usuários; ausência de revisão e fiscalização na forma do cálculo do valor da tarifa; descumprimento de atos normativos durante a pandemia, como lotação de ônibus e diminuição drástica de linhas; e, por último, média de idade da frota maior que a estabelecida em contrato.